Muita gente critica uma chamada assim:
“Está tudo bem se você não interagir com a barriga na gravidez”
Mas a verdade á que alivia muito as mães adotivas e as pessoas que tiveram uma gestação diferente e acabam se culpando por mil coisas que faltaram neste processo de gestar um filho.
O texto de Adriana Nogueira, indicando na fanpage do IPUSP – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, é interessante e por isso republico trechos aqui:
Até a década de 1980, achava-se que o útero era como uma caixa-forte, que isolava o feto do mundo exterior. Com o avanço da medicina, viu-se que não era bem isso o que acontecia. Entre outras coisas, hoje, sabe-se que, a partir da 20ª semana de gravidez, o bebê reage a estímulos auditivos.
Diante dessa informação, pipocaram estudos falando dos benefícios de conversar, ler, colocar música para a barriga. Mas e quando a mãe está passando tão mal com a gravidez –com enjoos e outros incômodos–, não tem tempo ou simplesmente não se sente à vontade para fazer essas coisas? Haveria um prejuízo para o vínculo mãe e filho?
Para a psicanalista Vera Iaconelli, doutora em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo) e diretora do Instituto Gerar, instituição que oferece tratamento e faz pesquisas nas áreas de perinatalidade e parentalidade, a resposta é não.
“Se a mulher quer fazer todas essas coisas, ótimo, mas se ela não quer ou não consegue, tudo bem. Nada do quem vem antes do nascimento garante o que vem depois. Muitos casos de depressão pós-parto aconteceram depois de gravidezes maravilhosas. E há mulheres que não curtirão estarem grávidas, por causa das transformações físicas e mal-estar, e isso não afetará em nada o relacionamento com o filho, quando ele nascer.”
A psicóloga, educadora perinatal e doula Tarsila Leão fala que essa discussão sobre o desenvolvimento do bebê no útero pode colocar ainda mais pressão sobre a mulher.
“Há grávidas que são mais introvertidas e por isso não se sentirão bem conversando ou lendo para a barriga. Outras não terão tempo mesmo, porque além de preparar as coisas práticas para a chegada do filho, como quarto e enxoval, ainda trabalharão até perto de dar à luz. Por isso, esperar que a mulher faça todas essas coisas só vai deixá-la culpada por não atender às expectativas. Cuidar da própria alimentação, passar um creme na barriga já são formas de construção de vínculo com a criança.”