Estava arrumando o quarto da pequena e gente, quanto livro lindo ela ganhou nos últimos dias! Que maravilha é ter queridos que sabem que esse tesouro nos faz feliz e também que benção é ver a alegria no rostinho da Manuela quando ganha livros – e quando a gente senta com ela para curtir a leitura juntos!
O mais recente foi presente da querida Sara, “Princesas escalam montanhas?“, da Rafaela Carvalho (aka @a.maternidade).
O livro é bonitinho, com frases de efeito curtas e imagens empáticas, exceto por um detalhe: não há uma única “princesa real” que tenha características somáticas de oriental. Nem estou falando em “japinha de olhinho rasgado” que, com direito, eu acho que deveria ter pois, no Brasil, além dos “amarelos” como eu (japoneses, chineses e coreanos) poderia facilmente se aproximar de etnias como os das etnias indígenas do Brasil e de países com ampla migração por aqui, como bolivianos. Mas uma figurinha de olhos meio amendoados e cabelos pretos lisos já daria um efeito até para quem é do “Oriente” Médio (sim, os tais refugiados lindos da Síria, os sobreviventes como o Paquistão da ovacionada Malala, todos são orientais também, tá?). Resultado: eu fiquei triste. Minha filha se viu em algumas cacheadas e nos cabelos castanhos, mas eu não me vi e a menina que não se via na minha infância se encolheu, depois se revoltou. E eu achei que precisava falar disso. Afinal, representatividade importa. E neste caso eu tenho o tal #lugardefala.
#prontofalei 🙂
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E já que falei de vários lugares e tipos humanos, nossa viagem de final de ano teve dois livros sobre desbravar o mundo: “Meu mundo no mapa do mundo“, de Jonas Ribeiro, e “Em algum lugar do mundo“, de Anna Claudia Ramos, da Editora do Brasil, que no último ano se tornou uma das nossas favoritas pelos títulos novos e inovadores, alguns deles indicados em posts no blog.
Não seria legal poder espiar um pouquinho os pensamentos de uma criança? “Em algum lugar do mundo” traz exatamente isso: um vislumbre de alguns desses pensamentos infantis. Uma verdadeira celebração a todas as crianças, geniais em sua essência, múltiplas em suas vozes, desejos, sonhos e aspirações, inspiradoras em sua verdade.
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A protagonista de “Meu mundo no mapa do mundo” é louca por mapas, apaixonada pelo atlas que ganhou de seu avô e fissurada em imaginar como seriam os outros lugares do mundo. Ela gosta de brincar de se imaginar em um país diferente, e adora pensar que, mesmo com essas diferenças, os sentimentos humanos ainda são os mesmos. Ao longo das páginas, ela vai se deslumbrando com a diversidade, a beleza e as infinitas possibilidades que existem por aí. O mundo lhe parece mágico – assim como este livro.
O que une os dois – e olha, eu daria juntos, pois um completa o outro! – é a percepção de que neste momento, em algum lugar do mundo, há uma criança pensando no que acontece por dentro dela, em sua casa, sua família, sua escola, no local onde mora.
Pensando mil coisas criativas, científicas, emotivas, inovadoras, interessantes, malucas.
Não seria legal poder espiar um pouquinho desses pensamentos?
Este livro é exatamente isso: um vislumbre de alguns desses pensamentos infantis. Uma verdadeira celebração a todas as crianças, geniais em sua essência, múltiplas em suas vozes, desejos, sonhos e aspirações, inspiradoras em sua verdade.
Reforçando que, quando eu “critiquei” a falta de representatividade das meninas orientais no primeiro livro, eu enaltecia justamente as diferenças que nos aproximam. Elas parecem nos afetar negativamente, segregando, mas podem nos unir ao nos dar percepção e orgulho de quem somos.
E aí, teve livro infantil no Natal? Conta pra gente!
Excelente post!
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