A gestação gera muitas expectativas e quando, por algum motivo, não evoluiu como desejado e a mulher sofre um aborto, mesmo que em fase inicial, ocasiona muito sofrimento, angústia e insegurança.
Passado o processo de luto, a vontade de ser mãe geralmente prevalece – e eu digo isso por experiência, pois foi exatamente o que passei nas minhas duas primeiras gestações.
No vídeo abaixo o ginecologista e obstetra Fabiano Elisei Serra também fala sobre o aborto espontâneo, seus riscos e tratamentos, contando com o testemunho de Nayara Montandon Muradas. Ela conta uma experiência muito semelhante a minha no que diz respeito a fase gestacional e a forma como descobriu o aborto, direto no ultrassom, com diferenças no que aconteceu depois do aborto, pois eu não precisei de um procedimento para retirar o feto.
Perdi o primeiro bebê – que nem sabia que esperava, pois tive sangramentos e confundi com menstruação, então não reparei que o ciclo estava alterado, só soube no médico já sem chances de fazer algo – e meses depois engravidei novamente, desta vez levando a gestação a termo, ganhando meu primeiro filho.
Antes que você me julgue – e sim, a gente é julgada o tempo todo! – eu morava no Japão, tudo lá é diferente e em outro idioma, é bom lembrar, e apesar de estar casada há 3 anos e sem nunca ter engravidado, eu não usava pílula, só evitava com a tabelinha, então realmente não notei as diferenças que me permitiriam saber que estava grávida até não estar mais.
Vale lembrar: você não é a única, você não está só.
O aborto espontâneo ocorre mais frequentemente no primeiro trimestre da gestação, até 12 semanas, na maioria das vezes em função de alteração no próprio embrião, neste caso a mulher não precisa passar por nenhuma investigação ou tratamento médico antes de tentar uma nova gravidez.
Quando o aborto é tardio (a partir da 20ª semana) é importante saber os motivos que fizeram a gestante perder o bebê.
“Em geral, tem a ver com o colo do útero. O médico deve investigar as características do colo uterino. No caso de colo curto existe grande possibilidade de intervenção, um reforço para que a mulher consiga levar a gestação o mais próximo possível do termo. Portanto frente a uma mulher que tem história de aborto tardio, está indicado esta investigação para que não ocorra um desfecho desfavorável novamente e ainda mais precoce que o anterior.”
Um aspecto a ser considerado neste tema é que, de acordo com dados da Pesquisa Nacional do Aborto, 1 em cada 5 brasileiras sofrerá 1 aborto ao longo da vida. Isso indica um descolamento entre a lei e a realidade das mulheres no país.
No vídeo abaixo, a obstetra Rudiane Sivieri, do Hospital de Base, comenta os fatores de risco do aborto, quais são os sintomas e como prevenir esta situação.
“Normalmente, a recuperação física da mulher demora apenas alguns dias, aproximadamente de quatro a seis semanas, ela estará em boas condições clínicas novamente, ” explica o médico Alberto Guimarães, da Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), do movimento “Parto Sem Medo”, novo modelo de assistência à parturiente que realça o parto natural como um evento de máxima feminilidade, onde a mulher e o bebê devem ser os protagonistas.
Para que a mulher volte a tentar uma nova gravidez é preciso identificar se o aborto foi precoce, se passou por uma curetagem ou se o próprio organismo eliminou por completo o saco gestacional e os restos ovulares.
Desse modo, ela não precisa esperar muito tempo para engravidar, já que praticamente não houve crescimento uterino.
Neste caso, indica-se ácido fólico e atividade sexual, e já será candidata a engravidar novamente.
Já nos casos que a mulher sofreu um aborto tardio, após a eliminação do feto, é interessante que ela passe por uma avaliação médica antes de tentar uma nova gravidez.
Convém esperar de dois a três meses para que o útero volte ao seu tamanho normal e se conclua a avaliação do útero.
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Em tempo: eu sou pró-vida, mas até para defender o direito a vida, preciso ter informações científicas e por isso acompanho estudos como a Pesquisa Nacional de Aborto de 2016 que comparou dados da mesma pesquisa de 2010 quanto ao perfil das mulheres e a magnitude do aborto e se baseou em um levantamento domiciliar que combina técnica de urna e entrevistas face-a-face com mulheres de 18 a 39 anos, com amostra representativa do Brasil urbano. Saiba mais neste link.