Final de semana, dois dias de indulgências… aos sábados e domingos é comum “jacar”, ou seja, sair da “dieta ideal” e abrir espaço para guloseimas que sabemos que não deveriam estar no cardápio.
Para quem tem familiares morando perto, o almoço de domingo pode ser o dia de se incomodar com a oferta de alimentos inadequados, característicos dos avós e tios. Para quem leva a vida mais independente, pode ser sinônimo de comer fora e acabar aceitando que os pequenos comam o que aceitarem para facilitar a vida ou mesmo de comer uma comida pronta para facilitar a correria!
Seja como for, é comum que a alimentação fuja do ideal.
O assunto me lembrou um estudo interessante que li sobre a má nutrição infantojuvenil que atinge em maior ou menor grau todas as regiões do Brasil. E, antes de se falar em causas como sedentarismo ou problemas endócrinos, é preciso dizer que os alimentos são os grandes vilões dessa história.
A má nutrição gera duas consequências: a desnutrição, de um lado, e, do outro, um problema em maior escala, a obesidade. Cerca de 7% das crianças de até 10 anos no Brasil sofrem com desnutrição, mas a obesidade atinge quase o triplo, 20% das crianças. E é uma proporção que só aumenta com o passar dos anos.
A análise é da professora Rosane Pilot Pessa, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.
Segundo a professora, o maior problema da má nutrição está na dificuldade de acesso aos alimentos em algumas regiões do Brasil e, principalmente, na escolha inadequada dos alimentos.
Para ela, nas regiões mais remotas do Norte e do Nordeste pode ocorrer dificuldade de acesso aos alimentos, mas o grande problema é que os alimentos industrializados, que são mais acessíveis por serem mais baratos, vão ganhando a preferência dos pais e crianças.
Esses, segundo a professora, são os piores, porque possuem conservantes, aditivos e muito açúcar.
“São os alimentos industrializados que geram a obesidade, porque faz com que as crianças não tenham refeições com proteínas e carboidratos balanceados.”
Ouça a entrevista completa no site do Jornal da USP.
Para pensar, não é mesmo?
Aqui em casa, eu praticamente cortei os ultraprocessados e estou reduzindo os alimentos (super) industrializados há alguns anos e, além da melhora na aparência de todos, comprovei mudanças positivas na redução das alergias (não só alimentares, mas até na respiratória) e no sono!
Alimentos ultraprocessados são os que passaram por técnicas e processamentos com alta quantidade de sal, açúcar, gorduras, realçadores de sabor e texturizantes.
Estes alimentos possuem um perfil nutricional danoso à saúde.
Por serem hiperpalatáveis, ou seja, acentuam muito sua palatabilidade ou aceitação pelo paladar da maioria da população, danificam os processos que sinalizam o apetite e a saciedade e provocam o consumo excessivo e “desapercebido” de calorias, sal, açúcar, etc.
Enlatados, embutidos, congelados, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos, frituras, doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, queijinhos petit suisse, macarrão instantâneo, sorvetes, biscoitos recheados, achocolatados e outras guloseimas.
Antes de ir às compras, pense bem!
Distúrbios de saúde que os alimentos ultraprocessados ocasionam:
- Prejuízo dos mecanismos que indicam a fome e a saciedade;
- Favorecimento do acúmulo de gordura;
- Favorecimento do desenvolvimento de alergias e intolerâncias alimentares;
- Prejuízo do funcionamento dos rins;
- Sobrecarga do funcionamento hepático;
- Favorecimento de distúrbios estomacais e intestinais;
- Favorecimento do desenvolvimento de diabetes, hipertensão, obesidade e diversos tipos de canceres;
- A desnutrição, assim como a anemia por baixa ingestão de nutrientes como vitaminas e minerais é uma das doenças mais frequentes para quem consome alimentos ultraprocessados. Muitas vezes, a criança tem uma boa ingestão de ferro em determinada refeição e logo após consome um alimento ultraprocessado que prejudica a absorção do nutriente.
Saiba mais neste artigo.